O Dia das Crianças é uma data que mexe com a imaginação dos pequenos que esperam pela data, principalmente pela expectativa dos presentes. Na comarca de Chapecó, o dia será diferente para 45 crianças que se encontram abrigadas em casas de acolhimento, sendo que três destas estão aptas à adoção.
De acordo com o Serviço Social do fórum da comarca, mesmo com as intercorrências da pandemia, em 2020 já foram efetivadas 20 adoções e outras três estão em acompanhamento. Do total, duas vieram de outras comarcas.
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No momento, estão liberados para adoção uma adolescente de 16 anos (deficiência mental leve), uma criança de nove anos (com deficiência mental severa) e um adolescente de 14 anos (problemas de saúde tratáveis). São 123 pretendentes habilitados na comarca. No entanto, outros 44 futuros pais aguardam por avaliações para concluir a habilitação e mais 22 pretendentes iniciarão o processo com o primeiro curso que, desta vez, será realizado online. A habilitação consiste em entrega de documentos, curso, estudo social e avaliação psicológica.
Adaptações
Além do curso de habilitação ser online este ano, outras mudanças foram necessárias para conseguir dar andamento aos processos. Os encontros entre uma família e uma criança, por exemplo, tiveram que ser pela internet.
“Foi uma experiência de adoção iniciada e encerrada durante a pandemia. A criança estava em outra comarca. Desta forma, o processo foi acompanhado por servidores dos dois municípios que trocaram informações e observações com o serviço de acolhimento da criança, através de reuniões virtuais e mensagens. O trabalho em conjunto das equipes favoreceu bastante a condução das demandas, mas a maturidade da família e a preparação da criança foi fundamental”, conta a psicóloga Leila Luzia Pires.
Leila observa que a pandemia interferiu nos trabalhos impedindo ou dificultando os encontros presenciais que, no trabalho da psicologia, são fundamentais em algum momento. Com isso, só foram realizados os trabalhos mais urgentes, como é o caso das adoções.
A assistente social do fórum, Vera Lucia Sistherenn, contribui com a psicóloga ao dizer que os encontros presenciais permitem observações de gestos, comportamentos, olhares… que traduzem sentimentos. De acordo com a profissional, a metodologia presencial é a mais adequada, além de ser a maneira habitual de trabalho da equipe.
“Uma adoção são se faz a distância. A aproximação entre os pretendentes e a criança pode iniciar online, mas em algum momento vai precisar avançar para um encontro presencial. E nisso, a pandemia dificultou”, divide a assistente social.
Tempo de espera
Uma das maiores angústias dos pretendentes é a espera pelo andamento da lista de adoção. A assistente social do fórum, Ângela Daltoé Tregnago, lembra de casais que efetivaram a adoção depois de nove anos de espera. Mas a profissional ressalta que o perfil da criança desejada é um fator determinante no processo. Os bebês saudáveis ainda são os mais procurados. A partir dos cinco anos de idade, o número de crianças disponíveis imediatamente é maior, assim como as que têm irmãos.
“No entanto, os pretendentes não podem considerar o tempo de espera como fator principal para definição do perfil da criança a ser adotada. As preferências devem ser sinceras para que a nova família não seja frustrada”, comenta Ângela. Mesmo com a maior intenção dos pretendentes de adotar crianças de zero a três anos, a comarca de Chapecó se destaca no estado pela aceitação da adoção tardia e grupos de irmãos. Neste ano, dois grupos com três irmãos cada foram adotados na comarca, com idades de 9, 6 e três anos e 16, 14 e sete anos.