O ano era 2002, período de pleito eleitoral. No auge de minha impetuosidade ideológica, ainda vibrava com a vitória, quatro anos antes, do “Galo Missioneiro”, o Governador Olívio Dutra, derrotando o “neoliberal” Antônio Britto e abrindo espaço para um voo nacional do socialismo. Para isso, lutava contra qualquer política que eu julgava nos tornar subservientes aos EUA, bradando não permitir que nossa nação viesse a ser uma sucursal do que acreditava ser o imperialismo americano, que vitimava países com suas atrocidades bélicas.
Via, ingenuamente, esse representante dos Yankes em José Serra e acreditava que, o outrora exilado, candidato tucano era de espectro liberal. Recordo-me dessa preocupação pessoal, mesmo diante de um cenário em que nenhum dos candidatos à presidência tivesse aspectos de direita, fato não percebido por mim, pela cegueira ideológica que me tomava. Durante a campanha eleitoral, após a definição de segundo turno entre Serra e Lula, Regina Duarte apareceu na propaganda dos tucanos e disse uma frase que marcou sua trajetória. “Eu tenho medo”, nos alertando sobre o que nos esperava com o governo do PT.
Naquele momento, para mim e milhares de brasileiros de esquerda, a eterna namoradinha do Brasil perdia o respeito. Xingamentos, manifestações raivosas e uma torcida fervorosa para que tivesse fracassos em sua carreira pautaram os nossos odiosos corações, por ela ousar dizer que tinha medo de Lula, nosso, então, salvador da pátria.
O tempo passou, o PT assumiu o poder e, de forma populista e irresponsável com as contas públicas, criou uma bolha de crescimento insustentável que ajudou os publicitários, muito bem pagos pelo governo, a criarem o slogam “a esperança venceu o medo”. Até meados de 2010 eu continuava vivendo o fascínio da estrela e vendo na atriz global uma inimiga do Brasil.
Hoje, olhando o passado patrocinado por Lula e Dilma e percebendo a crise econômica sem precedentes que nos assolou, aliado a corrupção histórica e ao loteamento de cargos públicos para militantes partidários, percebo que Regina Duarte foi uma corajosa brasileira que tentou alertar o povo sobre o mal que se aproximava. Dezoito anos depois, estando mais maduro, pagando impostos e entendendo o mal que o socialismo promove por onde governa, preciso, publicamente, reparar meu erro e humildemente pedir desculpas a Regina Duarte…
Eder Boaro é instrutor Master Mind e colunista político
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