Francieli Fiorin – Promotora de Justiça, coordenadora estadual da campanha “O que você tem a ver com a corrupção?”
Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação […].
Em 1987 a música “Que País é este” foi a mais tocada no país. Passados mais de trinta anos, ela continua atual.
Isso apenas comprova que até hoje não conseguimos superar a cultura da corrupção que afeta a vida em sociedade. Ainda hoje são comuns os casos em que a visão individualista prevalece sobre o coletivo. Nesse sentido, parece aceitável que, em benefício próprio, o cidadão possa quebrar regras e cometer desvios éticos, como ocorre quando apresenta atestado médico falso para justificar falta no trabalho, ou mesmo quando não devolve o troco recebido a maior.
Com o objetivo de proporcionar uma maior reflexão sobre o tema e incentivar a honestidade nas atitudes do dia a dia, o Ministério Público de Santa Catarina, em 2004, na cidade de Chapecó, lançou a campanha “O que você tem a ver com a corrupção?”, que hoje possui alcance nacional. O foco é atuar nas escolas, na formação inicial, para construir uma nova geração de cidadãos que tenham coragem para escolher não infringir leis e saibam exigir que elas sejam seguidas. É cultivar sementes para que, no futuro, tenhamos agentes públicos e políticos cada vez mais honestos e comprometidos.
Afinal, as nossas lideranças continuarão saindo dentre esses cidadãos. Precisamos inserir pessoas cada vez mais honestas nesse sistema.
O Brasil, segundo a Transparência Internacional, em 2018, caiu 9 posições em relação a 2017 e ficou em 105º de 180 países avaliados.
Para superar esse cenário, o País precisa combater a impunidade por meio de ações repressivas, a exemplo da operação Lava Jato, melhorar as formas de controle e atuar na prevenção, fomentando uma agenda que dissemine os valores éticos, por meio da educação.
Por isso, neste dia 9, em que é celebrado o Dia Internacional contra corrupção, nada melhor do que assumirmos o compromisso de cada vez mais escolhermos fazer o certo, de construirmos uma nova fundação para o Brasil, com pessoas que teimem em ser cada vez mais honestas, que nãos sejam indiferentes. Este é o desafio: se não dá para corrigir o passado, que tal mudarmos o futuro começando agora?