O júri de número 36, neste ano, na comarca de Chapecó, julgou o acusado de um crime que comoveu o oeste. Um homem, empresário, de 45 anos, matou uma colega de trabalho e a ex-sogra a tiros, em Nova Itaberaba. Somando as duas penas, ele foi condenado a 40 anos e quatro meses de prisão, em regime fechado. Os jurados, quatro homens e três mulheres, reconheceram as qualificadoras de feminicídio e uso de recurso de dificultou a defesa da vítima.
Para o caso da jovem foi considerada ainda a qualificadora de motivo torpe. A pena também foi acrescida porque o crime deixou órfão um menino de seis anos, filho da mulher, e pelo fato de os disparos terem sido efetuados no rosto da vítima. Sendo assim, a sentença para o primeiro crime foi de 24 anos e de 16 anos e quatro meses para o segundo homicídio.
A sessão de julgamento iniciou às 9h desta segunda (16) e encerrou às 17h40. Foram exibidos vídeos com depoimentos de nove testemunhas. Outras cinco testemunhas que seriam ouvidas em plenária foram dispensadas. O interrogatório durou pouco mais de 25 minutos e causou forte emoção nos familiares das vítimas que acompanhavam o júri. O acusado disse não lembrar do ocorrido. Preso preventivamente desde o crime, pediu desculpas as duas famílias.
“Foi o maior erro da minha vida. Sei do imenso vazio que deixei no coração deles. Nunca mais serei a mesma pessoa”, disse o réu. O júri foi presidido pelo juiz Jeferson Osvaldo Vieira. Na acusação esteve o promotor de justiça Felipe Schmidt. E a defesa foi feita pelo defensor público Rodrigo Scarpelini Gonçalves de Freitas.
O crime ocorreu em 28 de maio de 2018 quando o homem abordou a moça no caminho para o trabalho, em Chapecó, e a levou para o interior de Nova Itaberaba, onde o acusado morava. Ao chegar na residência, a jovem tentou fugir. Seminua, correu em busca de ajuda, mas foi atingida por sete tiros. Ainda conforme denúncia, o homem seguiu para a casa da ex-sogra.. Atirou duas vezes contra a mulher de 70 anos que morreu no local.
Homenagens
O magistrado agradeceu os serviços prestados pelo oficial de justiça Elson Vilmar Dickel que cumpriu o último dia de trabalho antes da aposentadoria no júri desta sexta-feira. Vieira também lembrou o sargento Marcos Antonio Vitto, 45 anos, que sofreu uma parada cardiorrespiratória e faleceu durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão e de prisão expedidos pela 1ª Vara Criminal da comarca de Chapecó, na última quinta-feira (12/12). Vitto era natural de Turvo e atuava há 22 anos na Polícia Militar de Santa Catarina, tendo passado pelo 4º Batalhão da PM, em Florianópolis, e pela Casa Militar do MPSC, na sede da Procuradoria-Geral de Justiça. Tornou-se membro do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) de Criciúma em 2016.
Avaliação
Antes de encerrar a sessão, o juiz destacou a agilidade na tramitação do processo julgado na ocasião. O julgamento aconteceu um ano e seis meses depois do crime bastante complexo. “Isso representa o compromisso de todos nós juízes de cumprir a jurisdição de maneira célere. Mas é preciso registrar que trabalhamos com alguns desestímulos como a Lei do Abuso de Autoridade e um projeto de lei que prevê a atuação de dois juízes em cada processo. Não temos estrutura para isso! O andamento dos processos ficará tumultuado. Entendemos que a pressão da sociedade pode melhorar as coisas”, desabafou o magistrado.
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