Bolsonaro é do tipo sanguíneo, impulsivo e impetuoso. Toma as decisões com o coração, que geralmente parece estar desconectado ao cérebro. Representa uma caricatura do “tiozão do pavê”, figura do folclore familiar, que é sincero, diz tudo que pensa, faz piadas sem se preocupar com possíveis ofensas e leva tudo a ponta de faca, porém, está sempre disposto a ajudar todo mundo. Desde que assumiu o cargo de chefe da República, eleito por um discurso moralista e uma agenda de endurecimento à criminalidade, ele parece derrapar, às vezes, em discursos e atitudes, precisando voltar atrás e pedir desculpas ou partir para o ataque, acusando a imprensa e a oposição de criar fake news.
Tudo poderia ser muito orquestrado, estratégico, como se fosse um balão de ensaio para avaliar sua provável decisão, porém, não acredito nesse planejamento e julgo que Bolsonaro não leva em conta a repercussão de suas atitudes, tendo que recuar, muitas vezes, para amenizar a pressão popular.
O fato mais recente foi a demissão de Vicente Santini, ex-secretário da Casa Civil, que havia sido demitido por usar um avião da FAB em uma viagem de Davos para a Índia. Após a comunicação da demissão, por parte do presidente, alegando a imoralidade do ato, descobriu-se que o mesmo havia sido novamente contratado, com um salário R$ 380,00 menor, em outro setor do governo. Diante da repercussão negativa da nomeação, mais uma vez Santini foi exonerado. Esse episódio trouxe, em apenas dois dias, um desgaste desnecessário à imagem do governo. Outras decisões polêmicas também foram recuadas por Jair Messias, como a isenção da conta de luz para templos religiosos, a exclusão do Jornal Folha de São Paulo do edital de compras da União, mudanças na Polícia Federal do Rio de Janeiro, a indicação de Eduardo Bolsonaro à embaixada americana em Washington, dentre outras. Porém, a de maior polêmica, nos últimos dias, foi a possível criação do Ministério de Segurança Pública, que tiraria de Sergio Moro a atuação nessa pasta. A proposta foi feita por governadores e Bolsonaro deixou a entender que tomaria tal decisão. Percebendo a repercussão junto à população e a possibilidade da saída do Ministro do cargo, mais uma vez voltou atrás e anunciou que não implantaria a medida.
Esse comportamento de Jair Messias demonstra que precisamos estar constantemente vigilantes, para que exerçamos a pressão certa nos momentos que Bolsonaro novamente trocar os pés pelas mãos. No mais, seguimos a passos largos rumo ao desenvolvimento que tanto esperamos…