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ARTIGO: Tecnologia e Humanidade

Desembargador ​Ricardo Roesler – Presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

O Poder Judiciário de Santa Catarina, na busca pela melhor prestação jurisdicional caracteriza-se também, dentre tantos outros atributos notáveis, pela vanguarda tecnológica. Na era Moderna Tardia, ou Pós-Moderna –  marcada pela fluidez digital, compromissos virtuais, ambivalência, procura por novos princípios e ressignificação -, o redesenho do relacionamento Estado-cidadão é o traço marcante até porque, nesta sociedade de riscos, a pluralidade de interesses em pauta gera, necessariamente, maior litigiosidade. Daí singularizada, vez mais, a maiúscula importância da justiça brasileira, protagonista constitucional do esforço pelo indispensável equilíbrio e equalização das mais variadas tensões sociais.

Racionalizar o trabalho, automatizar funções repetitivas, reconhecer deficiências para poder corrigi-las, indicar os caminhos com clareza conceitual, concentrar-se no que é realmente fundamental para o bom andamento do processo, liberando o tempo dos Desembargadores e Juízes para que possam realizar o seu melhor: julgar. Este o foco da administração do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que terei a honra de presidir, com a colaboração efetiva e presente de todos os colegas Desembargadores.

Para aproveitar da profusão de tecnologias que se apresentam todos os dias, transformando-as em melhor qualidade de trabalho e atendimento às demandas crescentes, dentre outros projetos já concebidos e arquitetados, criaremos o Laboratório Judicial de Inovação, o LabJud, a exemplo do que se dá noutros Tribunais, com profícuos resultados. Mas viver na tecnologia representa, também, suportar a constante sensação de estarmos sempre atrasados, diante da obsolescência inexorável. Por isso, vale lembrar a definição (ou o alerta) profética de Max Frisch: tecnologia é a habilidade de organizar o mundo de modo tal que não tenhamos que experimentá-lo.

Lado outro, incorporar ciência e tecnologia ao dia-a-dia do Poder Judiciário não pode indicar nossa dispensabilidade ou substituição, até porque a vida humana compõe um projeto fundamentalmente significativo.

Enfim, eis o desafio: inovar, criar, incorporar melhorias sem, contudo, esquecer de nossa verdadeira humanidade e sentido.

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