De todas as tensões políticas vividas no governo Bolsonaro, a acusação de Paulo Guedes de que havia um golpe armado entre membros do STF, Rodrigo Maia e alguns governadores para o impeachment do Presidente foi, sem dúvidas, a mais grave. Em uma entrevista a Revista Veja, o Ministro da Economia disse que articulou com Gilmar Mendes, que exigiu um sinal de pacificação nas relações entre os poderes, a manutenção de Jair Messias na chefia do Executivo Federal. Guedes afirmou, ainda, que sua sugestão para selar a paz em Brasília foi a indicação do Ministro Abraham Weintraub para o Banco Mundial, como forma de afastá-lo do núcleo do governo, após o mesmo ter sugerido, em reunião interna, que deveriam ser presos todos os magistrados da Suprema Corte. A denúncia de Paulo Guedes é cristalina no sentido de que havia em curso um golpe contra Jair Messias e, diante dessas confirmações, fica mais fácil entender alguns movimentos que nos pareciam despropositados, mas faziam parte da conspiração contra o Presidente.
Ao acusar Bolsonaro de interferir na Polícia Federal e solicitar à Justiça que a íntegra de uma reunião ministerial fosse levada a público, Sérgio Moro abria o caminho para a queda de Jair Messias. Em seguida, o Procurador-Geral de Justiça, Augusto Aras, exigiu que Bolsonaro prestasse esclarecimentos sobre a acusação do ex-juiz e Celso de Mello ordenou que o fosse de modo presencial, medida diferente da adotada no caso de Temer com a JBS, dois anos antes. Concomitantemente, Dias Tófolli e Alexandre de Moraes, criaram um inquérito contra apoiadores do presidente e jornalistas investigativos que criticaram e expuseram os desmandos dos Ministros togados, resultando na prisão desses, mesmo sem o devido processo legal. Na mesma esteira, os supremos tiraram todos os poderes de Bolsonaro de gerenciar a pandemia, lhe conferindo apenas o título de financiador das ações dos Governadores e Prefeitos. Além disso, atuaram em pautas de exclusividade do Poder Executivo, em uma espécie de governo paralelo, aplaudido pela imprensa e pela OAB, que deveria defender o ordenamento jurídico vigente. Quanto à denúncia de Paulo Guedes, nem o Congresso Nacional, nem o PGR Augusto Aras se manifestaram, em uma demonstração de que o sistema ainda continua atuando.
Começo a pensar que o silêncio de Jair Messias no episódio dos presos políticos e a indicação de Kassio Nunes ao STF podem ter sido parte da articulação a que Guedes se refere. Se assim for, Capitão, melhor perder lutando, mas defendendo à nossa causa…
Eder Boaro – Instrutor Master Mind e colunista político