“Como a região oeste catarinense chegou ao colapso no sistema de saúde? Todos gostariam de ter a resposta para esse questionamento. Isso nos possibilitaria tomar as medidas para evitar o caos vivido. Se tiver uma razão para o que estamos passando é o comportamento da população, de maneira geral”, enalteceu o diretor de Marketing, Relacionamento e Sustentabilidade da Unimed Chapecó e cirurgião torácico, Dr. Rovani Camargo. A afirmação foi feita durante coletiva on-line para explicar as medidas de emergência adotadas pela cooperativa médica em virtude da elevada demanda nos últimos 15 dias.
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De acordo com Dr. Rovani as pessoas têm se comportado de maneira irracional, com aglomerações e contrárias às orientações dos órgãos de saúde e autoridades. “É triste ver que nos comportamos como animais, e que precisamos de cercas e limitações para seguir regras mínimas de convívio social que poderiam evitar o momento crítico vivenciado atualmente. Essas medidas foram amplamente reforçadas nos últimos 12 meses para desacelerar a disseminação do vírus”, lamentou.
A elevação súbita de fluxo de pacientes com sintomas respiratórios fez com que a cooperativa médica acionasse o Protocolo de Emergência e Desastre. No momento, a Unimed Chapecó tem 93 pacientes internados, sendo 29 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), 55 em leitos de enfermaria e 9 em leitos de observação em outros setores aguardando leitos para internação. Outros 11 pacientes foram transferidos para unidades do Sistema Unimed no Brasil.
O protocolo foi estabelecido no início da pandemia pelo Comitê Interno de Crise do Coronavírus, que prevê medidas de contingência, desativação de áreas e alocação de funcionários no setor. “Isso quer dizer que ultrapassou nossa capacidade física e humana para atender a demanda. Assim, conseguimos ter um olhar sistêmico para o que está acontecendo, proteger esses pacientes e oferecer a melhor assistência possível no momento”, explicou o diretor hospitalar e cirurgião vascular, Dr. Mário Goto.
Os médicos também alertaram que a falta e insumos hospitalares para atender pacientes com covid-19 é um risco eminente. Segundo Dr. Mário, a situação dos internados é tão grave que eleva a necessidade de sedativos e bloqueadores neuromusculares. “Não é uma questão financeira, mas sim de matéria-prima mundial. O que nos preocupa demais, aliado à exaustão de todos os profissionais da área da saúde”, justificou.
Dr. Rovani complementou que o número de profissionais da saúde contaminados é elevado, mas felizmente na instituição não foi registrado nenhum óbito. A cooperativa médica tem divulgado vagas para contratação de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeuta. “Essa doença mostra que não existe classe social, por isso em nenhum momento nos posicionamentos como um hospital privado, mas sim pensando no bom andamento do combate ao coronavírus”, destacou Dr. Mário.
“Se não fizermos nossa parte, o grau de resolução das medidas adotadas pelas autoridades será baixo ou não surtirá efeito. O sistema de saúde continuará sobrecarregado e os médicos terão que escolher quem morre ou quem vive. Se não colaborarmos o número de óbitos crescerá cada dia mais”, enfatizou Dr. Rovani.
Por fim, Dr. Mário fez um apelo às autoridades brasileiras para que absorvam alguns pacientes da região. “Enquanto temos um local em crise, outra região mais tranquila poderia auxiliar, assim como também faremos pelas demais localidades, caso necessário”. MB Comunicação