É fato notar que está difícil produzir leite no Brasil. Nos últimos meses, porém, a crise se agravou a tal ponto que, em recente reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados, as entidades representativas do setor solicitaram ao Ministério da Agricultura medidas emergenciais de apoio à atividade, entre as quais se destaca a suspensão imediata das importações de lácteos da Argentina e do Uruguai.
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Para debater este problema e também estreitar as relações diplomáticas, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária – Sérgio Souza e os deputados federais Celso Maldaner e Evair de Melo, tiveram um encontro com o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli e com o ministro da Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina – Luis Basterra.
Enquanto coordenador da Comissão de Agricultura Familiar da frente, Maldaner manifestou a sua preocupação com a questão tributária entre os dois países, além das regras ambientais e também da concorrência desleal.
“Nos últimos anos, eu já participei de audiências públicas sobre o tema na Comissão de Agricultura, já estive na sala de ministros de diferentes governos expondo a situação grave do produtor brasileiro de leite. Infelizmente, até hoje foram adotados no máximo remédios provisórios, mas não uma solução definitiva para o problema. A insatisfação do criador de gado leiteiro não é sem motivo”, defendeu.
Para ele, existem razões importantes pelas quais a concorrência com o leite importado dos países platinos é injusta.
A primeira delas é que não foi realizada, até hoje, a necessária harmonização das normas ambientais nos países integrantes do Mercosul. No Brasil, o pecuarista está sujeito a duras regras ambientais. Isso aumenta os seus custos de produção, mas ele obedece, porque sabe que a sustentabilidade ecológica é mesmo um objetivo importante.
Outra questão é como ser justo em questão de concorrência de produtos, se temos uma tributação tão elevada no Brasil? Não é justo uma importação ser na prática, mais viável e barata do que a produção nacional.
Vale ressaltar que a importância da união dos estados produtores, principalmente da região Sul do Brasil, resulta em benefícios e garantias ao produtor de leite e a valorização do seu produto. Assim também, a cooperação como sendo instrumentos melhores para a colaboração e lucro mútuo entre os países, de forma bilateral.
Por fim, os parlamentares ressaltaram ainda a questão da produção do milho, visto que esse insumo está em falta na região sul, especialmente por conta da estiagem que assolou os 3 estados e é primordial para o abastecimento de ração e manter o gado leiteiro. Medidas vistas como alternativas, como por exemplo, o uso de novas rações ou produtos que substituam o milho também são primordiais para a inovação e adaptação da bovinocultura do leite.
Para Celso Maldaner, a agropecuária brasileira não tem medo de concorrência, contanto que ela seja justa e é para isso que está trabalhando.