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Um câncer se tornou o motivador de uma carreira milionária

Em 2002, com apenas 19 anos Priscilla Kajihara saiu de São Paulo e foi para o Japão em busca de oportunidades e uma vida independente. Nos primeiros dez anos morando no país, trabalhou em fábricas, com extensas cargas horárias de trabalho e remuneração baixa, mas, em contrapartida, sempre que conseguia um tempo livre, investia em autonomia.

Dotada de um espírito empreendedor, criativo e versátil, vendia produtos e artigos, como bijuterias que ela mesma fazia, cosméticos e até decoração para festas. Dessa forma, conseguia além de dinheiro extra, aprender mais sobre o mundo dos negócios, para um dia empreender.

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Formada em Administração de empresas pela Faculdade Internacional AIEC no Japão, utilizou todos os conhecimentos adquiridos para fundamentar sua carreira e organizar a vida pessoal.

“Conhecimento é um dos meus valores, pois através dele temos estratégias para amenizar riscos e extrair o melhor que ele tem a nos oferecer”, afirma Kajihara.

Em 2013, uma notícia colocou seu mundo de pernas para o ar. Ela acabava de ser, aos 29 anos, diagnosticada com câncer de mama. A doença se desenvolveu de forma tão agressiva que em apenas dois meses e antes da cirurgia já marcada, o câncer do estágio I, no qual a chance de cura é maior, evoluiu para o estágio III, que é quando o paciente corre risco de vida e as chances de ocorrer mestástase aumenta.  No caso dela se espalhou para os linfonodos da axila direita.

Foram oito horas de cirurgia.  Priscilla fez mastectomia, precisando retirar a mama por completo e todos os linfonodos do braço direito. Nos meses seguintes ela se submeteu à quimioterapia e em seguida foram mais 25 dias consecutivos de radioterapia localizada.

Após 14 dias da primeira sessão de quimioterapia, seus cabelos começaram a cair e em menos de um mês já havia perdido todos os pelos do corpo, e aderiu ao uso de lenços e perucas. No início foi muito difícil se acostumar com a perda dos cabelos, porém, com o tempo aprendeu a ver a vida de uma forma diferente e logo estava se achando linda, por isso, abandonou as perucas e depois foi a vez dos lenços.

Hoje curada, ela transparece, com brilho nos olhos, a força de quem venceu e ressignificou a luta. Tudo o que viveu trouxe mais garra para a brasileira encarar novas batalhas, como a recuperação do braço direito, do qual ficou com sequelas. No total foram oito cirurgias tentando religar alguns linfonodos e remover o inchaço.

Embora os acontecimentos tenham trazido dificuldades e imposto restrições, Priscilla jamais permitiu que as mesmas determinassem seu destino. Deste modo, desistir nunca foi uma opção para ela.

Trabalhar com micropigmentação era um sonho e estar curada de um câncer tão severo a fez decidir que era hora de investir nesse processo. O cuidado com as sobrancelhas era uma antiga paixão, que ela cultivava desde muito nova. Cuidava pessoalmente das suas, o que sempre chamava a atenção das amigas que ficavam admiradas com a perfeição dos resultados.

Não demorou muito, Priscilla passou a cuidar das amigas e quando viu, já estava trabalhando como designer, sendo indicada e ganhando cada vez mais clientes. Quando pesquisava o assunto, acabou se esbarrando com uma técnica que os europeus tinham acabado de lançar – a microblading – e foi amor à primeira vista.

Empolgada, embalou-se mais ainda nos estudos e entrou na maior Academia de micropigmentação do mundo, a PhiBrows Academy em Londres, berço da técnica mais natural de micropigmentação fio a fio, que existe atualmente. Inspirada pelos mestres russos, sérvios e americanos, sempre os usava como referência em técnicas avançadas e super-realísticas.  

Com isso, quanto mais aprendia e conhecia desse universo, mais se encantava e expandia suas percepções, e foi se especializando em outros estudos que complementavam seu trabalho, como Simetria Facial, Colorimetria, Visagismo, Pigmentologia, e Microblading – que hoje é sua técnica preferida.

Mesmo com toda bagagem que possuiu, Priscilla não se dá por satisfeita e pretende fazer novos cursos fora do país, a fim de trazer mais inovação em seu segmento. Ela afirma que para qualquer coisa que desejamos nos tornar é importante termos humildade de reconhecer que sempre podemos aprender mais.

Hoje, a especialista atende em média 5 clientes por dia e já realizou mais de 10 mil procedimentos. Seu faturamento mensal é de 2 milhões de ienes, equivalentes a cerca de 100 mil reais.

Priscilla é uma referência na comunidade brasileira no Japão e reconhece com muito orgulho que os esforços sempre valem a pena. “Aprendi que posso entregar com meu trabalho mais que sobrancelhas lindas. Ofereço autoestima”, conta.

“A semente do amor é fértil, onde você a planta ela cresce e dá bons frutos. Ver minhas clientes saindo felizes do meu estúdio é um dos melhores retornos que eu poderia ter. Eu contribuo com o resgate da confiança de muitas mulheres, que ao longo do caminho e por diferentes motivos, ficaram ofuscadas. Vê-las se olhando no espelho de forma mais amorosa e gentil consigo mesmas, o rosto brilhante e o sorriso de quem se reconhece e gosta do que enxerga, isso não tem preço” completa Priscilla.

Em 2019 Priscilla ganhou o troféu Amigos da Comunidade, no evento jantar empresarial em homenagem ao 13º aniversário da Revista Super Vitrine, idealizada pela IPC Digital e criada por Jhony Sasaki.

O evento contou com a presença de grandes empresários da comunidade brasileira e também com a presença do cantor Vinicius D’black e da influencer Nadja Pessoa.

Priscilla foi considerada destaque na comunidade brasileira no Japão e homenageada por fazer diferença na sociedade com ações positivas. Hoje, a nipo-brasileira fatura 20 milhões de ienes por ano.

Seus planos agora são de dividir todo o aprendizado que obteve nos últimos anos com a abertura de estúdios Priscilla Kajihara no Brasil. “Quero capacitar empreendedores, realizar o sonho de quem deseja trabalhar pra si mesmo num mercado que está crescendo cada vez mais”, finaliza Kajihara.

As expectativas são de iniciar o processo de expansão no segundo semestre de 2021. Mas, tudo dependerá do andamento do controle da pandemia do Covid19, é claro.

 

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