O aluno Leandro de Camargo, da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Sesi Senai, precisou parar de estudar para trabalhar e sustentar a família, mas aos 34 anos voltou à sala de aula. “Em 2004 surgiu uma oportunidade de emprego e precisei escolher entre o trabalho e os estudos. Foi difícil. Agora que voltei a estudar estou muito feliz, me surpreendendo, pois muitas coisas mudaram na educação”, comenta, acrescentando que acredita no crescimento profissional. “Minha família está ajudando bastante, chegarei longe, só depende de mim”, enfatiza. Ele também deixa uma dica: “Você que parou os estudos, volte porque sempre há tempo. Você pode crescer profissionalmente, tem muitas oportunidades”.
As diferentes realidades dos estudantes do ensino médio do Sesi Senai, entidade da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), foram expostas em atividade realizada em Chapecó. O projeto SESIntegração, teve por objetivo aproximar diferentes modalidades de ensino e integrar estudantes do ensino médio regular e da EJA.
Ajudar os filhos com as tarefas da escola foi o que mais motivou a aluna do EJA Ana Carla Geller Schneider a voltar a estudar. “Quando eles vinham pedir auxílio, eu precisava procurar na internet ou pedir contribuição de conhecidos porque eu não sabia o que eles estavam estudando”, conta. Os desafios foram grandes. Um deles era o medo de não conseguir estudar o suficiente por causa do trabalho e da rotina com a família. “Quando cheguei na EJA vi que é totalmente diferente do que imaginava. Amei voltar a estudar. A cada aula e a cada trabalho dava mais vontade de continuar. Para quem tem medo, eu digo para voltar. No futuro quero iniciar uma faculdade. Quero mostrar para os meus filhos que não podemos parar de estudar e que isso é bom. Não temos como exigir que se dediquem, que tenham boas notas, se não dermos o exemplo”, assinala.
O projeto também ajudou os estudantes do ensino médio regular a perceberem as diferentes realidades. “Eles estão em casa, com aulas online, enquanto outras pessoas, que também cursam o ensino médio, mas na EJA, não têm essa possibilidade. São os trabalhadores das indústrias que não pararam durante a pandemia. Às vezes os alunos reclamam que está difícil, mas não conhecem essas outras realidades de pessoas que trabalham, se dedicam à família e estudam. A ação buscou expandir o campo de visão dos estudantes e chamá-los para terem responsabilidade nos estudos”, comenta a coordenadora de Educação Básica na Regional Oeste do Sesi Senai, Juliana Aparecida Golfe.
Os alunos da EJA fizeram vídeos contando como é voltar a estudar, falando das suas dificuldades e motivações. Os estudantes do ensino médio regular do primeiro ano gravaram um vídeo com mensagens de força para os colegas da EJA e os do segundo e terceiro ano fizeram frases que foram gravadas em chaveiros e entregues aos alunos da EJA. “Essas pessoas que voltaram a estudar são realmente batalhadoras e inspiram outras a fazer o mesmo. Nós podemos acordar às 7h para entrar na aula online às 7h15, temos muitas facilidades e, mesmo assim, às vezes não acompanhamos a aula. Precisamos dar mais valor para o ensino, à instituição que estamos e às oportunidades que temos”, reflete o estudante Michel Gonzalez Triantatyllou.
A ação integrou as atividades da Semana da Indústria, comemorada de 25 a 29 de maio, e do aniversário da Fiesc (25 de maio). De acordo com Juliana, o projeto deve ser mantido como uma marca de aproximação e empatia entre os alunos do ensino médio nas duas modalidades. (MB Comunicação).