É inegável a aproximação que a tecnologia tem proporcionado às pessoas de todo o mundo neste momento de pandemia de Covid-19. No entanto, parte das análises e observações que são possíveis através de uma conversa pessoal ficam inviabilizadas. Esse é o principal fator limitante ao trabalho das assistentes sociais forenses nestes dias de isolamento social. Esse foi um dos assuntos abordados na reunião bimestral das profissionais do Oeste que aconteceu, pela primeira vez, por videoconferência.
O andamento da pesquisa realizada em todo o estado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa (NEP) “Metodologias de Intervenção Sociojurídica” também foi pauta da reunião que teve 18 participantes das comarcas de Chapecó, Xaxim, Pinhalzinho, Palmitos, Quilombo, Concórdia, Ipumirim, Itá, Seara, Xanxerê, Abelardo Luz, Coronel Freitas e Ponte Serrada.
De acordo com a assistente social do fórum da comarca de Chapecó, Ângela Daltoé Tregnago, visitas e entrevistas são instrumentos que possibilitam alcançar diferentes aspectos, que podem ficar restritos em uma conversa telefônica ou por mensagens. Além disso, a dinâmica de trabalho das assistentes sociais vai muito além da emissão de laudos e movimentações expressas nos autos processuais. “Trata-se de um trabalho qualitativo como orientações aos pais que vivenciam conflitos relativos à dinâmica de convívio e cuidados com os filhos, suporte às famílias que estão em período de convivência com filhos pela adoção, contatos com profissionais que acompanham/atendem pessoas em situação de risco tais como crianças e adolescentes acolhidos, mulheres vítimas de violência, entre outras situações”, explicou.
A reunião realizada no último dia 22 oportunizou a troca de experiências entre as assistentes sociais sobre como manter o atendimento durante a quarentena. Para não deixar as famílias desassistidas, as profissionais utilizam o recurso de videochamadas feitas por celular ou computador. Assim, dentro do possível, conseguem atender parte da demanda que recebem, seguindo as recomendações fundamentais para a proteção e integridade da saúde de todos, que é a prioridade neste momento.
Visitas domiciliares e institucionais, entrevistas presenciais, depoimento especial, mediação e contato com algumas instituições que não estão funcionando, como escolas, são atividades que estão suspensas temporariamente, o que prejudica a elaboração de estudos sociais, especialmente os pareceres sociais (conclusão). “Dessa forma, acabamos emitindo relatórios situacionais, quando não é possível fazer todas as intervenções necessárias para um estudo completo”, destacou Ângela. Os atendimentos presenciais excepcionais acontecem quando a necessidade justifique o risco de exposição das assistentes e das pessoas atendidas.
Diante desse cenário – somado às angústias e preocupações que afetam a todos neste período de insegurança, especialmente em relação à saúde das pessoas próximas – verificam que é inviável fazer análises sobre sua produtividade de forma quantitativa, pois além de incompatível com a natureza do serviço prestado, também não reflete a profundidade do trabalho realizado que afeta questões íntimas da vida dos sujeitos sociais.
“É necessário, cada vez mais, o estudo crítico e profundo das diversas questões sociais para que o trabalho seja qualificado e que se encontre, coletivamente, estratégias para viabilizar o atendimento das necessidades de pessoas que chegam à justiça para reclamar seus direitos. No entanto, independentemente da ferramenta de trabalho, as assistentes sociais forenses buscam promover não somente a missão do Poder Judiciário de realizar justiça por meio da humanização e efetividade na prestação dos serviços, mas realizar um trabalho que possibilite às pessoas se reconhecerem enquanto sujeitos de direitos e usufruírem de fato da justiça social, tendo sua individualidade respeitada e seus direitos humanamente garantidos”, considerou a profissional. (Elizandra Gomes/NCI Oeste).