
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) pediu nesta quarta (4) que o Poder Judiciário retire o sigilo do vídeo da audiência do caso Mariana Ferrer. Segundo o órgão, o trecho divulgado na véspera foi manipulado. A jovem acusa o empresário André de Camargo Aranha de tê-la estuprado em dezembro de 2018, durante uma festa em um beach club de Florianópolis. Ele foi absolvido pela Justiça. O MPSC quer que os órgãos de controle tenham acesso à íntegra da audiência.
O vídeo foi publicado nesta terça (3) pelo site The Intercept Brasil. Na gravação, o advogado de defesa, Cláudio Gastão da Rosa Filho, exibe fotos sensuais feitas por Mariana Ferrer quando era modelo profissional, definindo-as como “ginecológicas”; ele afirma ainda que “jamais teria uma filha” do “nível” de Mariana e, ao vê-la chorar, diz: “Não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso e essa lábia de crocodilo.” O tratamento dado à jovem durante o julgamento provocou indignação.
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Nesta quarta, o Ministério Público afirmou que o promotor de justiça do caso interveio quando o advogado do réu teve atitudes desrespeitosas com a jovem. “Além dessa manifestação, a íntegra do vídeo apresenta inúmeras outras interrupções promovidas pelo Promotor de Justiça, pelo defensor público que atuava como assistente de acusação e pelo Juiz, presidente do ato, inclusive nos momentos que foram editados para, propositalmente, excluir as intervenções realizadas em favor de Mariana”, diz nota divulgada pelo MPSC.
O órgão disse ainda que repudia a atitude do advogado de defesa e destacou que “a exploração de aspectos pessoais da vida de vítimas de crimes sexuais não pode, em hipótese alguma, ser utilizada para descredenciar a versão fornecida por ela aos fatos”.
O Poder Judiciário informou que o pedido do Ministério Público foi feito dentro do processo judicial e não havia decisão até as 17h40 desta quarta.
No vídeo da audiência divulgado na terça, é possível ver que a jovem reclamou do interrogatório para o juiz. “Excelentíssimo, eu estou implorando por respeito, nem os acusados são tratados do jeito que estou sendo tratada, pelo amor de Deus, gente. O que é isso?”, diz ela.
O juiz avisa Mariana que vai parar a gravação – a audiência foi feita por videoconferência – para que ela possa tomar água e pede para o advogado manter um “bom nível”. (Fonte G1 SC).