A maior cidade do oeste catarinense, capital do agronegócio, amanheceu triste neste domingo. O dia foi de homenagens e de despedidas de um dos maiores líderes cooperativistas do Brasil, Mário Lanznaster, presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos, que lutava há três anos contra um câncer no fígado. Perdeu a luta nesta madrugada, mas deixou marcas e construiu um verdadeiro legado ao longo de seus 80 anos de vida.
Seu corpo chegou próximo ao meio-dia no Ginásio de Esportes do Frigorífico Aurora Chapecó II (FACH II), no Bairro SAIC, onde foram preparadas as honras fúnebres, atendendo as recomendações dos órgãos de saúde para prevenção ao coronavírus. Mais de 140 coroas de flores, telão com fotos da família e homenagens de entidades, além de centenas de amigos, familiares, produtores rurais, funcionários da Aurora e lideranças cooperativistas fizeram fila para prestar homenagens ao empresário rural que se orgulhava de ser chamado de suinocultor.
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Dedicou 46 anos ao cooperativismo, comandou duas das maiores cooperativas – Cooperalfa e Aurora Alimentos – recebeu prêmios estaduais e nacionais, foi homenageado e condecorado inúmeras vezes e deixou um legado ressaltado por todos que o conheceram direta ou indiretamente: mostrou com toda sua simplicidade que a cooperação é capaz de transformar o mundo!
Em um discurso emocionado representando a família, o genro Eurico de Oliveira o chamou de “super-herói dos humanos”, cujo superpoderes são os valores: caráter, ética, honestidade, integridade, força e fé, usados para construir um mundo melhor, na contramão da corrupção que destrói qualquer nação. “Tinha um coração imenso, era um homem corajoso que estará vivo sempre dentro de nós”. O filho Fabiano não conteve as lágrimas para agradecer a ajuda de familiares, amigos, equipe médica e colaboradores que batalharam lado a lado com a família contra a doença do pai. Lembrou dos desafios e destacou os ensinamentos repassados por ele todos os dias. “Ele nos deu oportunidade e nos mostrou a melhor direção. Saiu de casa aos 13 anos para estudar em um seminário, veio para o Oeste aos 30 e transformou a Aurora numa das melhores empresas para trabalhar no Brasil. Ele merece nossa última salva de palmas”, declarou ao lado dos irmãos Márcia, Fernando, Juliana e da mãe Edirce.
O vice-presidente da Aurora, Neivor Canton, amigo pessoal de Lanznaster, reforçou a grande marca deixada pelo cooperativista. “Ele ensinou que é preciso dividir as conquistas com todos que se envolveram na busca. Isso é cooperativismo, gerar e compartilhar com justiça. Chapecó, Santa Catarina e o Brasil reconhecem sua importância e sua contribuição para o agronegócio e para a economia brasileira”.
O prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, colocou a bandeira da cidade sobre o caixão de Lanznaster e disse que sua liderança será inigualável. “Ele transformou a nossa região em uma das maiores produtoras de proteína animal do mundo. O nosso pequeno produtor se tornou um gigante. Conhecemos o caminho do desenvolvimento pela sua liderança. O seu legado agora será a nossa atitude”.
Marcos Zordan, diretor agropecuário da Aurora e também amigo de Lanznaster, ressaltou a dedicação até os últimos dias. “Ele atuou até o fim e era uma liderança empreendedora muito forte. Não foi por acaso que se tornou presidente. Hoje todos veem a Aurora e enxergam os pequenos agricultores fazendo negócios pelo mundo. Essa é sua marca e cabe a nós darmos continuidade a esse trabalho extraordinário”.
Romeo Bet, presidente da Cooperalfa, também se emocionou em seu discurso e disse sentir-se feliz e realizado por ter convivido tantos anos ao lado de Lanznaster. “Ele foi exemplo e nos deixou a responsabilidade de continuarmos unidos e assegurarmos vida longa ao modelo cooperativista”.
A vice-governadora Daniela Reinehr lamentou a morte de “um verdadeiro exemplo para todo o País e para o mundo inteiro”, e destacou o orgulho do trabalho deixado por Lanznaster. “Que hoje seja um dia para parabenizarmos esse legado deixado por ele para Chapecó e para todo o Estado”.
O secretário de Estado da Agricultura, Ricardo de Gouvêa, mencionou a representatividade do líder cooperativista no Estado e no País. “Ele contribuiu para que ficasse aqui a riqueza produzida pelo agronegócio e ajudou a melhorar a vida de 100 mil famílias”.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC), Nelson Eiji Akimoto, também reforçou o legado deixado por Lanznaster como ser humano. “Uma pessoa que conviveu conosco na vida empresarial, um grande líder que se tornou um exemplo. Ele estará sempre vivo em nós”.
A morte do líder cooperativista comoveu lideranças de todo o Brasil. A Prefeitura de Chapecó e o Governo de Santa Catarina decretaram luto oficial de três dias “considerando os relevantes serviços prestados e sua destacada participação na vida pública catarinense”. (MB Comunicação).