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ENTREVISTA: União e compreensão para tornar a crise menos traumática

A compreensão da complexidade do momento que vive o Brasil e a união dos empreendedores, trabalhadores e gestores públicos serão fundamentais para superar o período de crise provocado pela pandemia do novo coronavírus. A avaliação é do presidente do Conselho Deliberativo da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC), Gelson Dalla Costa (Foto). Como presidente do Conselho Delegado de Administração da Associação Hospitalar Lenoir Vargas Ferreira, que administra o Hospital Regional do Oeste, ele faz também uma análise da importância da ajuda da comunidade para o aprimoramento do atendimento no HRO.

A comunidade de Chapecó (governo e sociedade), na sua avaliação, está enfrentando de forma satisfatória essa pandemia?

No início, quando o Estado de Santa Catarina decidiu pela quarentena, a comunidade chapecoense aderiu e, aos poucos, foi entendendo o que é essa pandemia. À medida que o tempo foi passando, todos foram se adaptando. Temos uma comunidade que, por entender a gravidade da Covid-19, está procurando se cuidar. Agora, com a chegada das estações frias, é preciso mais cuidado, com propensão a outros problemas respiratórios ou que tenham determinadas fragilidades, pois ficam mais susceptíveis a problemas mais graves. Mas a comunidade chapecoense está respeitando as orientações do poder público, da classe médica e entendo que estamos passando por esse momento difícil com bastante cuidado e tranquilidade.

A Administração Municipal está conduzindo corretamente as ações de saúde pública? Por quê?

Sem dúvida. A Prefeitura está conduzindo corretamente todos os passos para termos o mínimo possível de casos de Covid-19. O prefeito, com toda sua equipe da Secretaria de Saúde, está conduzindo a situação com muita tranquilidade e paciência. É um momento que a comunidade precisa entender a importância da preservação da saúde das pessoas e, também, tentar manter a economia girando. Para isso, depois do primeiro estágio de quarentena, foi autorizada a reabertura das atividades. O pior momento está passando.

E como o senhor avalia a conduta da população chapecoense em adesão às regras de proteção para evitar a disseminação do vírus?

No início da pandemia era difícil saber sua extensão e gravidade. Mas com o tempo fomos entendendo. Observamos raramente aglomerações. As pessoas estão ficando em casa e tomando as precauções necessárias. Temos um número de casos relativamente elevado, mas, por outro lado, estamos com um controle bom e esperamos em breve a queda da curva de contágios.

Nesse cenário, muitos empresários estão se engajando em ações solidárias, grande parte delas de iniciativa da ACIC. Podemos afirmar que os empresários estão fazendo a sua parte?

O empresário chapecoense sempre foi solidário e a ACIC liderou um excelente projeto quando criou a campanha Salve Vidas, junto às entidades e à comunidade para arrecadar recursos para o Hospital Regional do Oeste. Com isso foi possível adquirir respiradores e equipamentos para novos leitos destinados ao atendimento da pandemia. O espírito empreendedor do empresário chapecoense se iguala ao espírito da solidariedade: sempre que são chamados, os empresários comparecem, ajudam, apoiam e participam. Mais uma vez temos que parabenizar a todos porque cada um, da sua maneira, está procurando fazer com que essa pandemia chegue ao seu fim de forma menos traumática possível e com resultado satisfatório diante daquilo que vemos no Brasil e no mundo.

Como o senhor avalia que a economia brasileira sairá dessa pandemia do novo coronavírus?

O problema econômico brasileiro será muito grave. As finanças públicas dos governos federal, estaduais e municipais entrarão em colapso. Teremos muito desemprego, pessoas passando por dificuldades e algumas atividades tendem a desaparecer. Precisaremos de muita união e cautela para que essa crise seja menos traumática possível.

Quais os setores que ficarão mais prejudicados?

Alguns setores sofrerão bastante, como o têxtil, calçadista, automotivo, turismo e hotelaria. Por isso é importante programas do governo que estimulem essas atividades, pois elas precisam receber incentivos e linhas de crédito de longo prazo para que consigam, aos poucos, retornar.

Quais os setores que, quando a pandemia for superada, reagirão com maior rapidez para superar a crise?

A produção de alimentos é o setor que menos vai sofrer com a pandemia. O agronegócio vem socorrendo a economia brasileira por muitos anos e crescerá. Como a pandemia afetou o mundo todo e alguns países que estão com problemas na produção de carnes, o agro crescerá. Esse segmento amenizará a queda do Produto Interno Bruto brasileiro.

O senhor comanda o maior hospital filantrópico de Santa Catarina, onde o atendimento aos pacientes da Covid-19 vem sendo muito elogiado. A que se deve isso?

Em primeiro lugar o hospital tem boa direção, um grupo de médicos e funcionários muito bons, unidos e preparados. Além disso, representamos a ACIC, que me indicou, há 15 anos, para fazer parte do grupo que administra o HRO. Também temos apoio da comunidade. Ressalto o setor empresarial, as indústrias, o comércio, a prestação de serviço e toda a comunidade chapecoense que sempre nos apoiam. Isso nos inspira para seguir atendendo cada vez melhor a população. Agora temos mais um desafio: superar essa crise provocada pela pandemia que está deixando todos preocupados, mas após isso o grande desafio será ativar a ala nova que amplia em 60% nossa capacidade de atendimento. E ressalto: o apoio da comunidade chapecoense e regional faz uma grande diferença, a união que temos faz com que esse hospital seja o orgulho de Chapecó e do grande Oeste de Santa Catarina.

A campanha da ACIC pela compra de respiradores artificiais ajudou nesse desempenho?

Ajudou muito. Esses recursos estão sendo muito importantes, pois com dinheiro em caixa se compra melhor. Estamos adquirindo equipamentos e materiais para enfrentar essa pandemia com menos preocupação. Temos que agradecer imensamente a liderança da ACIC na pessoa do presidente Nelson Eiji Akimoto, sua diretoria e todos os empresários chapecoenses e pessoas que contribuíram para essa importante campanha.

O que mudará no Brasil após essa pandemia, especialmente na área econômica e nas relações de trabalho?

Terá que ser um período de muita criatividade. Cada empresário precisa entender bem seu negócio, medir sua capacidade, repensar atitudes, agir com muita prudência e cuidado porque passaremos por momentos muito difíceis. Será um período em que a união do empresário com o trabalhador fará com que se possa superar essa crise com mais tranquilidade. A relação do trabalho e emprego evoluirá para um entendimento ainda maior, fará com que empregador e empregado atuem de forma mais unida porque, só assim, poderemos superar as dificuldades que vêm pela frente.

MB Comunicação

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