A pandemia do novo Coronavírus mudou completamente a rotina e os hábitos dos catarinenses. O distanciamento social tem afastado as pessoas, não apenas umas das outras, mas também dos momentos de lazer e descontração. O Pratas Thermas Resort sentiu essa ausência de perto. Desde que iniciou a quarentena, em março, foram quase quatro meses com redução no número de reservas, uma média que chegou a 90% a menos do que no mesmo período do ano anterior.
Conforme diagnóstico realizado pela Agência de Desenvolvimento do Turismo de Santa Catarina (Santur) e a Fecomércio, a ocupação hoteleira foi reduzida de 52% para 40%, em março. No mês de abril foi maior a queda, caindo de 58% para 10% de ocupação. O impacto econômico acumulado em março e abril, principais meses de quarentena total, é estimado em R$9 milhões e até dezembro de 2020 se estima um impacto de aproximadamente R$32 milhões na hotelaria de Santa Catarina. Nas análises do segmento, a normalidade da ocupação deve ocorrer em até 11 meses após o início do isolamento social.
O presidente da Instância de Governança Regional (IGR) Vale das Águas e diretor do Pratas Thermas Resort, Fábio Sousa, destaca que percebe-se uma melhora no movimento nas últimas semanas, devido a retomada gradual das atividades, mas ainda é considerada abaixo do normal e, ao que tudo indica, a expectativa é de que um movimento mais consistente ocorra a partir de outubro, considerando restrições e decretos existentes.
Sousa ressalta que o comportamento dos hóspedes também mudou. “Percebemos que o período entre reservas e check in hoje é de sete dias. Isso quer dizer que as pessoas estão decidindo se hospedar poucos dias antes da data de check in, essa janela de reserva costumava ser de até 180 dias, ou seja as pessoas se programavam para viajar”. Porém, mesmo com o período de quarentena e as quedas nas reservas, o diretor relata que, efetivamente, o hotel ficou sem receber hóspedes somente nos dias proibidos por decreto e nos demais continuou trabalhando com restrições, mas sem deixar de receber hóspedes.
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Com relação às medidas de segurança e higiene adotadas pelo resort, Sousa explica que todos os colaboradores foram orientados e seguem as normas de segurança do Ministério do Turismo (MTUR). “Também reforçamos a limpeza dos ambientes utilizando produtos com recomendação dos nossos fornecedores. Além disso, revezamos a utilização dos apartamentos com período mínimo de 24hrs para reutilização e tanto check in quanto check out não ocorrem no mesmo horário para evitar aglomerações”, esclarece.
Além da hospedagem, o resort também está atuando com gastronomia e recreação. “Estamos buscando parceiros regionais para oferecer experiências diferenciadas e, principalmente, mostrando aos nossos hóspedes a diversidade de nossa região. Por meio da campanha ‘Vá de Carro’ estamos motivando os hóspedes a realizarem seu próprio roteiro de maneira segura explorando as belezas mais próximas, como é o caso do resort, e de maneira segura”.
Com relação às reservas e pacotes para o fim de ano, o diretor comemora a antecipação de reservas para todas as datas comemorativas. “Nossa expectativa é trabalharmos com 100% de ocupação nessas datas. O turismo é saudável para as pessoas e as faz esquecerem um pouco dos problemas, estamos confiantes de que, gradativamente, a movimentação será retomada seguindo sempre as recomendações de segurança e prevenção ao Covid-19”, complementa Sousa.
Expressividade econômica
O diagnóstico da Santur e da Fecomércio demonstra, ainda, que o setor do turismo responde por 12% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e teve R$ 630 milhões em arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 2019, alcançando cerca de 16,3 milhões de turistas no ano passado.
O levantamento mostra que a movimentação econômica do turismo, entre 2018 e 2020, foi de aproximadamente R$ 33 milhões, considerando a ocupação hoteleira, visitação a atrativos e realização de feiras e eventos em todo o território catarinense.
De acordo com estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas sobre os impactos da pandemia no turismo, as atividades retornarão ao nível próximo da normalidade em meados de 2021. Com a retomada, o setor deverá crescer 16,9% ao ano até 2022 e 2023 para compensar a perdas estimadas em R$ 116,7 bilhões no biênio 2020-2021 em todo o Brasil.
Nem tudo está perdido
Apesar das dificuldades enfrentadas pelo turismo e das quedas econômicas que o setor tem enfrentado, Santa Catarina conta com um importante diferencial ao seu favor: uma imagem de qualidade e segurança dos produtos e destinos turísticos, reconhecida com inúmeros prêmios, como o título de “Melhor Estado Brasileiro para Viajar”, da revista Viagem e Turismo. O estado conquistou o troféu 12 vezes e por anos consecutivos em várias ocasiões. As 13 regiões turísticas abrigam perto de 400 atrativos de destaque e quase 3,5 mil pontos turísticos, conforme mapeamento realizado pela Federação Catarinense de Municípios (Fecam). (Flavia Mota).