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Erro grotesco de jornalista deixa família em situação constrangedora na cidade de Urubici

A família Heil vive uma situação constrangedora desde domingo (21), após uma coluna publicada no jornal Folha de S.Paulo acusar erroneamente que o sobrenome dos parentes, pintado no telhado de quatros casas em Urubici, na Serra de Santa Catarina, é uma saudação nazista.

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No texto intitulado “Fui surpreendida por uma saudação nazista”, a escritora narra a viagem feita com o filho para a cidade da Serra. Ela conta que caminhando pela estrada “repleta de araucárias” se deparou com o telhado tomada pela palavra “Heil”.

“Meus enteados […] perguntaram se aquilo era de fato uma alusão ao nazismo. Expliquei que possivelmente, já que Heil, Hitler (Salve, Hitler) era uma conhecida saudação nazista”, escreveu a colunista. O que nos fez pensar na conivência da comunidade à nossa volta. E na das autoridades. Por que a polícia não faz nada?”, segue o texto publicado na Folha.

A reportagem foi publicada às 6h do dia 12 de maio. Às 19h26 do mesmo dia, a Folha publicou uma correção. “É incorreto afirmar que a inscrição Heil no telhado dos imóveis “muito provavelmente” seja uma referência a uma saudação nazista, como publicado em versão anterior deste texto”, escreveu a empresa.

O título da reportagem foi corrigido, com a inclusão de um “possível”: “Fui surpreendida por uma possível saudação nazista”.

Em entrevista ao portal ND Mais, Valmor Heil, proprietário das casas e motorista aposentado, diz que se surpreendeu com a notícia de que o sobrenome da família teria sido confundido com um símbolo nazista.

“Quando a Sandra me ligou eu disse: ‘não é possível uma coisa dessas’. São anos que eu tenho isso em cima dos telhados, e nunca aconteceu nada, e de repente acontecer isso. Fiquei muito triste, eu digo: ‘meu Deus, o que que vai acontecer comigo agora?’. Estranho né, muito estranho”, comenta Valmor.

Sobrenome em telhados já é tradição

Valmor explica ainda que escrever o sobrenome da família nos telhados já é uma tradição. Ele era dono de uma loja de materiais de construção, chamada Materiais de Construção Heil, em Brusque, durante 45 anos.

As primeiras casas com o sobrenome “Heil” no telhado foram construídas por Valmor, também em Brusque.

“Eu construía e sempre ajudei a tampar as casas com telhas, e me deu a ideia de fazer o sobrenome, e deu certo né, era fácil de fazer. Como eu tinha muito tipo de telha, a gente só classificava as telhas e fazia o sobrenome. Mas isso eu venho fazendo há uns 30 anos já”, relembra.

Na região, ele sempre construiu casas e vendeu. Quando podia, colocava a nomenclatura “Heil”, como forma de identificar por quem foi construído, e ressaltar o sobrenome da família.

Há 13 anos, o casal construiu a primeira casa em Urubici, para a família curtir o inverno na Serra. Daí surgiu o projeto de construir outras casas para aluguel de turistas, como uma forma de renda.

No Facebook, Valmor e a esposa Sandra Soares, administram a página “Casas particulares Heil”, como forma de divulgar o espaço. Foi por lá que eles receberam a notícia de que a marca registrada das construções havia sido confundida com apologia ao nazismo.

“Fiquei sabendo através de um seguidor. No momento eu visualizei, mas não dei tanta importância. Só que daí começaram outras pessoas a me mandar mensagens, e comecei a me preocupar mais. Eu comuniquei o meu marido, o qual já se direcionou ao nosso advogado. Eram muitas mensagens, de gente que eu nem conhecia”, explica Sandra.

As casas são alugadas principalemente por amigos e conhecidos da família Heil, já que o casal não mora em Urubici, e por isso não conseguiria atender todos os turistas no local.

Além de ressaltar a história da família, o sobrenome nos telhados também servia como sinalização para turistas que chegavam, quando o acesso a internet ainda era mais limitado.

“Antigamente não tinha a página, então às vezes não tinha a localização, e eu dizia: ‘está escrito no telhado, vocês chegam, vocês já visualizam que chegaram nas casas nossas’. Assim que procedeu, e foi colocado o nome pro turista ter acesso mais fácil”, detalha Sandra.

Além de ofender a família, Sandra alega que a publicação foi uma ofensa também aos moradores da cidade de Urubici, que enviaram mensagens de solidariedade, e afirmaram que se sentiram atingidos com a acusação.

O casal procurou o advogado da família assim que soube da situação, para receber o devido acompanhamento e saber como prosseguir. Salésio Buss se reuniu com o casal para avaliar a situação.

O advogado afirma que as medidas a serem tomadas ainda serão analisadas em conjunto com o casal nos próximos dias.

“Foi encarado tanto por eles quanto por mim, advogado, que também inclusive tenho como esposa uma senhora de sobrenome Heil, e também a cidade inteira, o estado inteiro ficou indignado com isso. Eu encaro isso como uma leviandade. Deveria ter sido buscado informações com antecedência, e isso era possível buscar em Urubici, porque todos conhecem o senhor Valmor e sabem que aquela expressão ‘Heil’ é um sobrenome, é o sobrenome dele, e ele o faz a título de propaganda”, explica.

Apesar de ainda não haver definição de quais ações serão tomadas por parte do casal em relação ao caso, a recomendação do advogado aos clientes será de que medidas jurídicas sejam tomadas. Do NDMais

 

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