O esporte está cheio de histórias de superação. E talvez por isso seja tão apaixonante. Não é difícil montar uma lista de atletas que deram a volta por cima após derrotas e lesões, mas poucas delas se assemelham à de Santi Cazorla. O meia espanhol tem apenas 35 anos, mas já perdeu uma Copa do Mundo por lesão, teve uma infecção bacteriana, sofreu com erros médicos e teve que passar por nada menos do que oito cirurgias.
Desde seu início de carreira no Villarreal, Cazorla dava mostras de que seria um dos mais talentosos jogadores da melhor geração de atletas espanhóis, campeões da Europa em 2008 e 2002 e da Copa do Mundo em 2010.
Porém, as lesões atrapalharam um pouco os planos do meia. Da Copa do Mundo, por exemplo, ele ficou de fora do grupo de convocados por causa de uma hérnia.
Mas tudo ficou ainda pior a partir de 2013, quando já estava no Arsenal. Por conta de uma contusão, ele passou a sentir dores crônicas no tornozelo direito.
Três anos mais tarde, em 2016, o incômodo se transformou em algo insuportável e o levou a procurar médicos para a realização de uma cirurgia.
O procedimento, porém, não deu certo, e Cazorla passou a ser um frequentador de centros cirúrgicos para corrigir o que havia sido feito.
Como se não bastasse o erro médico, o meia ainda sofreu uma infecção bacteriana que corroeu quase dez centímetros de seu tendão de Aquiles.
Alguns médicos duvidaram que ele poderia voltar a “caminhar no jardim com a família” e até mesmo a amputação do pé foi cogitada.
Quando você está lesionado, o aspecto psicológico muitas vezes é mais importante inclusive que a própria lesão. Você precisa de muitos cuidados psicológicos e mentais. Se você não fizer um acompanhamento, fica mais difícil. Eu sempre fiquei rodeado de muita gente que me ajudou a acrescentar coisas positivas nos momentos ruins e isso foi fundamental para enfrentar os momentos complicados que enfrentei”, relatou ele durante uma entrevista com jornalistas do mundo todo recentemente.
Cazorla então voltou à mesa de hospital para oito procedimentos cirúrgicos tentando voltar a fazer o que mais gosta: jogar futebol.
Em um deles, ele até mesmo “estragou” uma de suas tatuagens, já que precisou de um pedaço de tecido do braço para reconstruir a pele do tornozelo.
Foi só depois disso tudo que Cazorla passou a enxergar uma luz no fim do túnel: “A lesão aconteceu nos anos finais de Arsenal e foi muito frustrante para mim. Não pude me despedir de um clube tão importante para mim, que segue sendo especial pelo carinho de todas as pessoas. Sou eternamente grato pelo clube e pelos torcedores que até hoje me apoiam. Eu lutei para voltar, mas não sabia até onde poderia chegar”.
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“Havia dúvida até sobre voltar a jogar profissionalmente, até onde eu poderia chegar. Mas lutei muito, tive muita confiança e trabalhei muito desde o primeiro dia para retornar ao futebol”, destacou.
E tudo deu certo. Depois de quase dois anos fora dos campos e muita força de vontade, Cazorla não só voltou a jogar, como voltou a brilhar. Desde a sua reestreia pelo Villarreal, time onde tudo começou, ele vem sendo o grande nome do time, atual 5º colocado do Campeonato Espanhol e que deve disputar a Europa League na próxima temporada.
Aos 35 anos e de saída do Villarreal, para jogar no Al-Sadd, time do Qatar dirigido por seu ex-companheiro de seleção Xavi, Cazorla sabe que sua história no futebol está chegando ao fim, e por isso quer aproveitar cada instante:
“Desfruto muito mais agora porque antes havia perdido todos os prazeres do futebol, como treinar, entrar em um estádio cheio. Hoje valorizo muito mais as coisas. Antes parecia tudo normal, mas depois de tanto tempo vi como essas coisas são especiais. Me resta pouco tempo no futebol, tenho que ser realista, então preciso aproveitar tudo isso”. (Fonte R7).