O comércio varejista catarinense é um dos que mais crescem no Brasil. Em setembro deste ano, último dado disponível, a alta no volume de vendas chegou a 8,1% no acumulado de 12 meses.
De acordo com o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-SC), Luciano Córdova, entre os segmentos que tiveram melhor desempenho no período de setembro de 2018 a setembro de 2019 estão equipamentos para material de escritório, informática e comunicação e combustíveis e lubrificantes. Por outro lado, livros jornais e revistas apresentam forte queda em seu volume de vendas.
Segundo o presidente da entidade, Bruno Breithaupt, em uma perspectiva mais ampla, as vendas estão em níveis próximos aos períodos imediatamente anteriores à crise econômica. “O comércio já superou seus piores momentos, vividos em 2016 e 2017. Porém, desde o início de 2019, as vendas diminuíram o ritmo de crescimento e a recuperação parece ter atingido o limite que poderia, dadas as condições da economia”, analisou.
Ele acredita que para que o comércio varejista continue se expandindo são necessárias medidas de estímulo ao mercado interno. “O desemprego ainda está elevado e precisa ser reduzido; a renda permanece estagnada; e o crédito está se recuperando de maneira lenta.
Atacar esses problemas nos próximos meses, por meio da redução dos juros e estímulos ao investimento produtivo, é fundamental para o crescimento do comércio não somente nos próximos meses, mas nos próximos anos.”
A recuperação da economia mostra que, muito embora esteja crescendo em um ritmo mais lento do que o esperado, deve melhorar agora no último trimestre do ano. Juros em queda, abertura de postos de trabalho, ainda que puxado pela informalidade, e melhora no índice de confiança dos empresários do ramo contribuem para essa percepção. A observação é do assessor Institucional da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL-SC), João Carlos Dela Roca. Ele revelou que uma pesquisa de expectativa de vendas, 66% dos lojistas acreditam que haverá uma melhora no próximo Natal em relação ao de 2018.
Outro dado que ele destaca como positivo é a liberação de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Neste caso são dois os efeitos: uso desses valores para compras de final de ano ou para negociar o pagamento de dívidas para limpar o nome do consumidor.
“Com certeza a possibilidade de voltar a comprar em parcelas vai aquecer as vendas. Um levantamento feito no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) mostra que 72% das dívidas são de valores até R$ 500,00”, apontou Dela Roca.
Os preferidos
Também de acordo com pesquisa, espontânea, o segmento de vestuário mantém a posição como o mais movimentado para as vendas de natal. A expectativa é que 31% das vendas para a data mais importante para o comércio sejam de vestuário. Na sequência vêm calçados (12,24%) e joias e acessórios (11,22%), brinquedos (7%) e smartphones (5%). O índice restante é diluído entre outros produtos. O gasto médio é projetado com uma pequena alta, devendo ficar em torno de R$ 150,00 por presente. Para dar conta do movimento maior trazido pelo Dia das Crianças, Black Friday e pelo Natal, os entrevistados afirmaram que vão contratar trabalhadores temporários.
Um em cada quatro empresários pretende ampliar o quadro de funcionários entre outubro de 2019 e fevereiro de 2020, conforme aponta a pesquisa Trabalhadores temporários no comércio – Temporada de Verão de 2020, realizada pela Fecomércio-SC com 400 empresas nas cidades de Florianópolis, Itajaí, Blumenau, Joinville, Criciúma, Lages e Chapecó.
Por mais que o ritmo da retomada da economia seja lento, o que se reflete em um comportamento conservador no consumo, o levantamento feito pela FCDL-SC mostra que 84,18% dos comerciantes acreditam que 2020 será um ano melhor que em 2019.
O presidente da FCDL-SC, Ivan Tauffer, também está otimista as iniciativas promovidas até aqui pelo governo federal. Mas alerta:
“Só estaremos pavimentando uma estrada segura para um futuro mais produtivo se essas medidas forem verdadeiramente acompanhadas de contenção de gastos públicos e investimentos em infraestrutura.”
Comércio varejista
Variação do volume e receita nominal de vendas (%) Setembro 2019
Variação mês
(mês anterior com ajuste sazonal)
Índice de volume de vendas
Brasil ———————– 0,7
Santa Catarina —————- 1,7
Índice de receita nominal
Brasil ———————– 0,7
Santa Catarina —————- 1 ,6
Variação mensal
(Base: igual mês do ano anterior)
Índice de volume de vendas
Brasil ———————– 2,1
Santa Catarina —————- 9,6
Índice de receita nominal
Brasil ———————— 3,5
Santa Catarina ————— 10,9
Variação acumulada no ano
(Base: igual período do ano anterior)
Índice de volume de vendas
Brasil ———————— 1,3
Santa Catarina ————— 8,0
Índice de receita nominal
Brasil ———————– 4,6
Santa Catarina —————- 11,2
Variação acumulada de 12 meses
Índice de volume de vendas
Brasil ———————– 1,5
Santa Catarina —————- 8,1
Índice de receita nominal
Brasil ———————— 5,1
Santa Catarina ————— 11,7
Por Andrea Leonora/Pelo Estado