O Ministério Público do Paraná (MPPR) instaurou um procedimento nesta segunda (19) para apurar uma denúncia de racismo contra a Prefeitura de Piraí do Sul, cidade localizada nos Campos Gerais do Paraná. O caso teria acontecido durante o desfile cívico em comemoração ao bicentenário da Independência do Brasil, realizado no município no último domingo (18).
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No desfile, conforme registrado em vídeo pela própria Prefeitura, crianças brancas aparecem em cima de uma embarcação, representando as caravelas e Pedro Álvares Cabral no momento do descobrimento do Brasil, com uma bandeira com a cruz vermelha da Cruz da Ordem de Cristo, de Portugal, e uma luneta. Logo atrás, crianças negras aparecem vestindo roupas amarradas e com corretes nas mãos e nos pés.
O MPPR afirmou, em nota, que solicitou esclarecimentos ao município e que apura o caso, mas que o processo será mantido em sigilo, já que envolve crianças. “O Ministério Público do Paraná, por meio da Promotoria de Justiça de Piraí do Sul, informa que teve ciência dos fatos pela imprensa e que instaurou procedimento nesta segunda-feira, 19 de setembro, para apuração do ocorrido, solicitando esclarecimentos ao Município. Por envolver crianças, o procedimento é sigiloso”, comunicou.
Após a repercussão da denúncia de racismo, a Prefeitura se posicionou em nota pelas redes sociais, dizendo que o objetivo do desfile era “resgatar valores como civismo e desenvolver o sentimento de pertença em toda a população piraiense”.
“O Município entende que em momento algum o ato ficou caracterizado como ofensa aos negros nem se destinou a qualquer desrespeito à dignidade da pessoa humana. Levando-se em consideração o contexto, tanto do momento do desfile quanto das ações cotidianas da escola, repudia-se qualquer menção ao racismo ou outra forma de preconceito”, diz a nota.
Nos comentários da postagem da Prefeitura, moradores da cidade criticaram a escolha de crianças negras para representar escravos. Veja alguns dos comentários:
“Que nota vergonhosa! O mínimo que um órgão público sério deveria fazer é pedir desculpas por apoiar a violência provocada às crianças envolvidas, ao colocá-las acorrentadas em plena avenida! Basta assistir aos vídeos, são notórias as expressões de tristeza, desânimo e vergonha das crianças expostas. Se objetivo era contar história, por que não retratou as grandes personalidades negras? Por que não mostrou a luta pela abolição? Ao invés de ser mostrada como algo dado pela lei Áurea e que não se efetivou pela simples assinatura. Houve muita luta e resistência, ela foi retratada?”, questionou um internauta.
“Mas se era apenas para lembrar, porque não reapresentou resistindo à escravidão? Um quilombo? Uma revolta como a dos Males? Uma fuga? Tem que registrar e comemorar a partir do estereotipo da submissão? A nota é vergonhosa! Quem repudia o racismo não coloca crianças negras nesta situação vexatória, constrangedora”, escreveu outra seguidora. Do portal RIC Mais