O Peru entrou em crise política na segunda (30), e iniciou-se uma briga pelo poder. O presidente do país, Martín Vizcarra, anunciou no início da noite que dissolveu o Congresso e convocou novas eleições após sofrer uma derrota no Parlamento (leia mais no fim da reportagem). Em retaliação, o Congresso, controlado pela oposição, aprovou a suspensão “temporária” por um ano de Vizcarra por “incapacidade moral”, e nomeou como presidente interina a vice-presidente do parlamento, Mercedes Aráoz.
Vizcarra marcou eleições legislativas para 26 de janeiro 2020 e também nomeou o ministro da Justiça, Vicente Zeballos, como novo primeiro-ministro do país.
Em reação, o Congresso aprovou, em uma sessão que contou com a presença de apenas 86 dos 130 parlamentares, uma moção de autoria de apoiadores do ex-presidente Alberto Fujimori para declarar a “incapacidade moral do presidente da República e sua suspensão temporária”, disse o chefe do Legislativo, Pedro Olaechea, e deu posse a Mercedez Aráoz.
O país vive agora um impasse institucional, com dois presidentes, Vizcarra e Aráoz.
As Forças Armadas e a polícia do Peru afirmaram que se mantêm leais a Vizcarra na segunda (30) à noite.
Em discurso na televisão, o presidente peruano acusou o Congresso debloquear reformas anticorrupção. A maior parte dos parlamentares está na oposição a Vizcarra, que assumiu o poder após a queda de Pedro Pablo Kuczynsky, em 2018.
“Que seja finalmente o povo que decida. O fechamento que decidi está dentro de minhas prerrogativas presentes na Constituição, colocando um fim a esta etapa de bloqueio político”, afirmou.
Após o anúncio, manifestantes tomaram as ruas das cidades peruanas, inclusive a capital Lima, para comemorar a decisão.
A medida está prevista na Constituição peruana –segundo o texto, o presidente tem a prerrogativa de dissolver o Congresso e convocar eleições legislativas caso os parlamentares neguem confiança ou censurem o Conselho de Ministros.
A oposição, liderada por apoiadores do ex-presidente Alberto Fujimori, protestou contra a decisão e entrou com uma moção semelhante a um impeachment para declarar a presidência vaga e, assim, destituir Vizcarra por “conduta imoral”.
Alguns parlamentares fujimoristas chamaram o fechamento do Congresso de “ditatorial”.
(Fonte G1)