A queda dos casos de síndromes respiratórias agudas graves causadas por VSR ainda entre janeiro e agosto deste ano foi de 76,4% na comparação com a média dos últimos três anos nos mesmos meses. Os casos de gripe também despencaram – uma redução de 62,2%.
O pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, afirma que essa diminuição aconteceu por causa das medidas adotadas para conter a disseminação do novo coronavírus, a partir do momento que se confirmou a transmissão comunitária no Brasil, quando existem pessoas infectadas, mas não é possível saber quem transmitiu o vírus para elas.
“Aí as ações [contra o coronavírus] foram muito fortes e geraram uma queda muito expressiva e completamente inesperada. A gente estava esperando um surto de influenza para esse ano, porque já vínhamos observando níveis altos nos anos anteriores”, afirma Gomes.
De acordo com ele, essas medidas romperam com o surto precoce de influenza registrado nas semanas epidemiológicas 9 e 10, que correspondem ao final de fevereiro e início de março.
“Coincidiu com o período em que começou a se espalhar o coronavírus. e aí a gente começou o distanciamento, o trabalho remoto. Março e abril foram o período mais intenso de implementação por parte dos governos e adesão da população a essas medidas”, destaca.
“Por volta da semana 13 [a última do mês de março] começou a queda forte [de influenza] e então se manteve sempre, em valores de novos casos por semana, muito mais baixo do que o esperado”, acrescenta.
O pesquisador pondera que as ações implementadas diante da pandemia foram efetivas para frear a covid-19, mas tiveram um impacto mais forte em outros vírus respiratórios porque eles são “menos competentes” para se espalhar. “Aqueles que não são aptos na transmissão quase desapareceram”, ressalta.
A expectativa de Gomes é que as medidas de prevenção contra o coronavírus sejam adotadas no futuro. “Sempre que estiver com princípio de gripe coloque a máscara, porque isso já vai ajudar a proteger a comunidade”, exemplifica.
“O distanciamento também foi fundamental, mas são coisa simples, como máscara e lavagem de mãos, que vão se somando, e a combinação delas gera o maior resultado”, completa.
A queda mais significativa no número de casos de outras gripes ocorreu entre as crianças. Com todas as escolas do país fechadas, elas realmente ficaram mais isoladas durante a maior parte da epidemia. Além disso, diferentemente do que ocorre em outras doenças respiratórias, elas não são o alvo preferencial da covid-19. Os mais vulneráveis são os adultos e os idosos.
Um novo estudo do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor) revelou que as internações por infecções respiratórias comuns em UTIs pediátricas tiveram uma queda de 80% em 2020 em comparação com os três anos anteriores. (Fonte R7).