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Reabilitação de paciente crítico requer nutrição adequada e equipe multidisciplinar

Infecções, complicações mecânicas e metabólicas, dificuldade na cicatrização, redução da massa muscular, menor resposta ao tratamento, maior tempo de ventilação mecânica, piora da qualidade de vida e aumento de óbitos. Esses são resultados que podem ser evitados com a terapia nutricional adequada e a atuação da equipe multidisciplinar na assistência ao paciente hospitalizado.

Com o objetivo de abordar esses assuntos e as estratégias para reduzir a repetição desses cenários, a Unimed Chapecó, por meio da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) e da Equipe de Terapia Intensiva, promoveu no último fim de semana o VIII Congresso de Terapia Nutricional e o IV Congresso de Terapia Intensiva, no Lang Palace Hotel. O evento reuniu aproximadamente 150 participantes, entre médicos, nutricionistas, farmacêuticos, fonoaudiólogos, enfermeiros e estudantes dessas áreas.

As atividades foram realizadas pela equipe de EMTN e Terapia Intensiva do Hospital Unimed Chapecó.

PALESTRAS

A fonoaudióloga Neyller Montoni abordou “A atuação do fonoaudiólogo na UTI”. A ênfase de sua explicação foi da ocorrência da disfagia, que é uma doença caracterizada pela dificuldade de fazer a deglutição de alimentos ou líquidos.

Conforme a fonoaudióloga, uma das maiores complicações da disfagia está relacionada a pneumonia hospitalar, que exige mais cuidado e pode resultar na morte do paciente. Para evitar esse quadro foram implementados protocolos que previnem ou reduzem aspirações e infecções.

Neyller também observou que manter o paciente profundamente sedado não é seguro, porque aumenta a incidência do delirium (um estado de confusão mental que surge abruptamente e causa alteração da consciência e no comportamento). A orientação é seguir o protocolo de interrupção diária da sedação, que resultará na redução do tempo de ventilação mecânica e da internação do paciente. “Nenhuma profissão é isoladamente capaz de atender todos os aspectos fundamentais envolvidos no tratamento de pacientes críticos, por isso é fundamental que todos os profissionais da equipe multidisciplinar falem a mesma linguagem para reabilitar esse paciente”, comentou Neyller.

A nutricionista Camila Primabordou o tema “Paciente crítico: desafio no combate à desnutrição e reabilitação funcional”. Explicou o perfil do paciente que apresenta intensa perda de massa muscular, denominada de desnutrição proteica. Segundo estudos, em dez dias de internação na UTI os pacientes perdem em média 17,7% de massa muscular, o que reflete na diminuição da imunidade, no aumento de infecções, no maior tempo de ventilação mecânica, na redução da cicatrização, em fraqueza e em dificuldade de sentar. “Devemos investir na terapia nutricional e primar pela qualidade proteica para proporcionar a reabilitação do paciente da UTI. Além disso, para atingir a meta proteica é necessário modular, isso representa que para ultrapassar a resistência metabólica do paciente é necessário inserir de 10 a 35 gramas de proteína ao longo do dia”, comentou.

“A atuação da equipe de enfermagem na terapia nutricional” foi tema da palestra ministrada pela enfermeira Fernanda Ramires Totti,que destacou as atribuições e responsabilidade do profissional de enfermagem. Entre as ações que requerem atenção redobrada estão complicações gastrointestinais, complicações mecânicas, manutenção adequada das sondas, acessos enterais, monitoramento de pacientes com nutrição parenteral e cateteres especiais.

De acordo com Fernanda, nos últimos anos ocorreram implantações de protocolos voltados a melhoria na nutrição parenteral (administração de nutrientes por via venosa), como por exemplo, o horário padronizado para instalação, implantação da bomba específica de dieta, alteração da rotina de dispensação de dietas, formação do grupo de enfermeiros e técnicos de enfermagem referenciais, plano de alta e ações de pós-alta para acompanhar o paciente. “A complexidade da terapia nutricional exige o comprometimento e a capacitação da equipe multiprofissional para garantir a eficácia do tratamento e a segurança dos pacientes”, analisou Fernanda.

No simpósio satélite o farmacêutico James Albiero explanou sobre “A importância do farmacêutico clínico no uso de antimicrobiano em pacientes críticos”. Entre os assuntos apresentados estiveram o volume de distribuição e variabilidade entre pacientes, evolução dos testes de sensibilidade por métodos quantitativos (sensível, intermediário e resistente), índices famacodinâmicos, casos clínicos reais, dose individualizada, preparo de dissolução de comprimidos, antibioticoprofilaxia cirúrgica e uso racional de antimicrobianos.

Na apresentação de casos reais o farmacêutico explicou que há situações em que é necessário aumentar a dose do fármaco e em outras reduzir, ainda no mesmo dia. “Um paciente, por exemplo, com sepse (infecção generalizada), apresenta aumento dos batimentos cardíacos, maior sensibilidade capilar e alteração proteica, por isso, precisam de altas doses de antimicrobianos, para não evoluir o quadro para insuficiência renal”, alertou Albiero.   

O médico de terapia nutricional Dr. João Wilney Franco Filho abordou a nutrição parenteral suplementar e adequação proteica/calórica na UTI. Conforme Franco Filho as metas proteicas e calóricas para pacientes da UTI sempre são maiores do que a necessidade de ingestão do alimento sólido e precisam ser adequadas precocemente, o que corresponde as primeiras 24 horas de internação para melhorar a qualidade de vida do paciente. “Precisamos analisar o risco nutricional e fazer a progressão dos indicadores das metas e a inserção de nutrição parenteral”, explicou.

O desafio, segundo Franco Filho, está no controle do que o paciente necessita, de quanto foi prescrito e quanto recebeu no dia. “Pesquisas comprovam que a meta proteica nos hospitais não atinge 80% do recomendado, que é de até 30 calorias/kg/dia. Essa situação em oito dias leva ao déficit calórico diário, que é necessidade do paciente maior do que é possível ofertar, o que está associado na ampliação das complicações nos pacientes”, comentou.

A médica de terapia intensiva, Dra. Alessandra Miguel Borgesexplanou sobre o preparo imunológico para pacientes cirúrgicos e o papel da EMTN no cuidado com o paciente. “A desnutrição impacta muito no paciente cirúrgico, por isso atua-se com a abreviação do jejum, realimentação precoce e imunonutrição, que melhoram o bem-estar do paciente e gera menor insatisfação do pós-operatório”, explicou.

A imunonutrição são fórmulas enriquecidas com aminoácidos para auxiliar no processo de cicatrização, recomendada para pacientes que passarão por cirurgias de grande porte ou desnutridos, pois também contribuem na redução das ocorrências infecciosas e no tempo de internação.

“O papel da nutrição na garantia da oferta nutricional e prevenção de eventos adversos” foi o assunto tratado pela nutricionista Vanessa Ramis Figueira.Em sua explanação abordou a importância de manter um manual de dietas, elaborar um fluxograma de base para suplementação oral e padronização da frequência da dose ao paciente, bem como a forma de administração, estratégias de adesão do paciente e técnicas para o desmame da nutrição enteral.

“Terapia nutricional em pediatria” foi o assunto da palestra ministrada pela Dra. Mônica Chang Wayhs, que explicou que a resposta da criança é imprevisível em função da idade, da condição nutricional pré-doença/lesão e da extensão, intensidade e duração da doença/lesão. “O quadro se agrava com uma nutrição inadequada, porque há persistência da disfunção metabólica, exacerbação da resposta e maior morbidade/mortalidade”, comentou.

De acordo com Mônica, a oferta nutricional excessiva gera hiperglicemia, hipertrigliceridemia, infecções, esteatose hepática (acúmulo de gordura nas células do fígado) e programação metabólica inadequada. O extremo, que é a oferta insuficiente, resulta em emagrecimento, perda da massa magra, falência do crescimento e imunodeficiência.    

PATROCÍNIO

O evento foi organizado pela Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional (EMTN) e da Equipe de Terapia Intensiva, realizado pela Unimed Chapecó, com patrocínio de NutriMedical, Openbox, Nutricia, Nestle HealthScience, Pfizer, Nutrir, União Química, MSD e apoio Prodiet.

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