
A vitória de Bolsonaro trouxe muitos elementos que ferem a democracia. Os derrotados na eleição previam uma ditadura no Brasil, porém, mais depressa que pudessem imaginar, a tirania foi ganhando corpo a ponto de romper a ordem institucional da nação. O que eles não esperavam é que essa ditadura fosse velada, através do falso discurso de defesa da democracia, a seu favor e, pasmem, tivesse origem em quem tem o dever de guardar a Constituição Federal, o Supremo Tribunal Federal.
Após a eleição de outubro o STF já demonstrava que Bolsonaro não teria vida fácil, quando lhe foi negado uma perícia nos celulares dos renomados advogados de Adélio Bispo que, mesmo sendo considerado louco e pobre, contou com qualificada defesa, omitindo os reais contratantes. Após, provocado por partidos de esquerda, Celso de Mello autorizou a divulgação de reunião ministerial privada, em que membros do primeiro escalão do Executivo Federal falavam abertamente sobre assuntos polêmicos, causando desconforto e até ameaças de prisões. Aliás, nessa esteira, o Ministro da Educação, Abraham Waintraub, foi convocado pelo mesmo magistrado a depor por crime de racismo, quando, em sua conta no Twitter, afirmou que a China poderia se beneficiar com o Covid-19. O decano da Corte também solicitou à PGR a apreensão do celular do Presidente da República, alegando possíveis provas de sua interferência na Polícia Federal e determinou, se necessário sob vara, o depoimento de três Generais quatro estrelas, num gesto explicitamente debochado de alguém que não passa atestado de ingenuidade. Essa semana, Alexandre de Moraes, que prendeu dois manifestantes que protestavam contra seu trabalho, determinou busca e apreensão de equipamentos eletrônicos em diversos locais, sob alegação de propagação de fake news. Vale lembrar que esse inquérito, instaurado pelo próprio Ministro, teve o arquivamento recomendado pela então Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, fato ignorado por Moraes, rasgando a Carta Magna que ele mesmo jurou defender. Sem contar na quebra da garantia do sigilo da fonte jornalística, ao invadir o canal Terça Livre e apreender equipamentos, diferente do que fora garantido meses antes ao The Intercept, de Green Greenwald, do Psol.
Vivemos a ditadura do judiciário, voltada contra os apoiadores de Bolsonaro, trazendo incertezas quanto às garantias legítimas de escolhas e liberdades de mais de cinquenta e sete milhões de brasileiros. Realmente, a turma do #EleNão acertou ao prever uma ditadura com a posse de Bolsonaro…